Para você que é empreendedor pode parecer inofensivo — talvez até vantajoso — não estabelecer um limite claro entre suas finanças e as da sua empresa. Você pode pegar um dinheirinho “emprestado” rapidinho para pagar uma conta pessoal e depois restituí-lo sem problemas, não é verdade? Ou pode ainda retirar parte de seu orçamento doméstico para quitar as contas de consumo da empresa que vieram mais altas neste mês, certo? Errado.
Manter seus gastos pessoais separados das finanças da empresa é de extrema importância para não ter problemas com o fisco, além de ser uma das melhores maneiras de garantir a saúde financeira e o controle adequado de seu negócio. Veja, a seguir, algumas razões para separar seus gastos pessoais e os de sua empresa!
Se você mantiver suas finanças pessoais junto com as da empresa, será um pesadelo discriminar o que vai para seu imposto de renda e o que segue para a tributação da instituição. De um lado, seus gastos pessoais não serão condizentes com a sua receita, podendo lhe trazer problemas com o Fisco e até mesmo te enquadrar no crime contra a ordem tributária. De outro, será mais complicado comprovar o faturamento do negócio para os órgãos de fiscalização do governo.
Além disso, se os gastos pessoais estão mesclados com os gastos da empresa num processo de recuperação falimentar os credores podem pedir a descaracterização da responsabilidade limitadas dos sócios fazendo com que os seus bens pessoais sejam atingidos.
Cada vez que uma despesa ou receita do negócio surge de maneira estranha à atividade que é desenvolvida normalmente, torna-se mais difícil fazer a escrituração contábil da entidade de forma correta. É essencial manter o bom registro dos lançamentos, não só por razões fiscais e legais, mas também para que você, como gestor, possa utilizar os dados financeiros para tomar decisões em momentos críticos e dentro de sua gestão estratégica.
Dentre as maiores armadilhas que o empreendedor pode cair está o hábito de, eventualmente, pôr na conta empresarial gastos com entretenimento, alimentação, aquisição de bens e viagens que são de ordem pessoal. Pode ser tentador colocar os jantares com a família e os passeios com amigos como despesa de sua empresa para ter maior dedução fiscal, mas você nunca terá a dimensão real da saúde financeira de seu negócio se não mantiver tudo separado e organizado, além de cometer um erro gravíssimo do ponto de vista legal e fiscal.
Uma das ferramentas mais importantes para uma empresa dar certo é ter crédito. Quando você cria uma identidade de negócio separada das suas finanças pessoais, você dá oportunidade para sua empresa construir uma boa reputação frente ao banco e, assim, obter acesso a empréstimos e financiamentos. A aquisição de um cartão de crédito corporativo pode ser difícil caso você seja um empresário novato, ou se sua situação de crédito pessoal não for confiável. Entretanto, manter a pessoa jurídica separada pode facilitar esses processos.
Se você estiver à frente de um negócio ou sociedade de responsabilidade limitada, poderá ser responsabilizado pelas dívidas sociais se não houver uma distinção clara entre o seu negócio e suas despesas pessoais. No âmbito legal, isso se chama desconsideração da personalidade jurídica: caso haja dívidas insolúveis em nome da empresa que passa por sérias dificuldades financeiras (ou que está falindo), o julgador poderá achar que o empreendedor é pessoalmente responsável e aproveitar seus ativos para satisfazer os credores, uma vez que não existe distância suficiente entre suas finanças pessoais e empresariais.
Para que você consiga se sustentar exclusivamente com dinheiro provindo seu negócio, o ideal é pagar para si mesmo um salário ou pró-labore que esteja dentro da realidade do caixa da empresa e que respeite a média de mercado para o cargo.
Caso você esteja enfrentando dificuldades para criar limites entre seu dinheiro e o do seu negócio, ou ainda não saiba exatamente como fazer isso de forma satisfatória, o mais indicado é procurar o seu contador e contar com o apoio dele para gerenciar esse processo que, com certeza, será muito benéfico não só para o fluxo de caixa empresarial como para o seu orçamento doméstico.
Como estão seus hábitos em relação às finanças pessoais e empresariais? Alguma dica para mantê-las separadas? Conte para a gente através dos comentários!