A forma como a sociedade consome vem mudando, em parte por causa das mudanças ocasionadas pela internet. Essa nova organização de recursos e todas as mudanças provocadas por ela tem se chamado de Economia da Colaboração.
Organizações Empresariais antes destas mudanças se baseavam na constituição de muitos ativos, essa era a forma de ter vantagens a partir da redução de custos de transação.
Neste novo mundo, empresas nascentes conseguem criar produtos e serviços utilizando a capacidade existente de forma mais simples e eficiente. É assim com o Waze, que utiliza a capacidade dos smartphones para entregar um serviço eficiente de GPS a motoristas.
Isso gera grandes oportunidades de empreender. Se você quer saber mais sobre a Economia da Colaboração continue lendo o artigo.
Economia da Colaboração é a prática de dividir o uso ou a compra de serviços facilitada, principalmente, por aplicativos que possibilitam uma maior interação entre as pessoas.
Esse é o conceito, mas para entender mesmo o que isso significa é preciso antes dar uma revisitada na Economia Clássica.
O item básico de estudo da economia é a utilização dos recursos e de sua escassez. Isso significa que desde os primórdios tratamos bens, e itens de consumo como recursos que não estão disponíveis a todos da mesma forma. Isso é o que gera o valor econômico, a sua disponibilidade limitada.
Assim, temos como exemplo que, alimentos são escassos, moradia são escassas, dinheiro é escasso e trabalhos são escassos, e por isso existe o desemprego.
A partir destes conceitos passou-se acreditar que a riqueza se cria com a acumulação de bens, muitas vezes inúteis para o consumo individual. Disto é que surgiram o direito à propriedade, patentes, direitos autorais entre outras formas de proteção.
Além disso, esse conceito criou o ciclo de crescimento autossustentado, ou seja, nele mesmo. Os empresários precisam produzir mais, para reduzir custos de transação e conseguirem mais lucros, daí empregam mais pessoas na produção, e isto gera mais consumo e mais produção.
Para os governos esse crescimento é bom, pois permite “dividir” um bolo maior entre as pessoas, sem de fato se preocupar se há a elevação do bem-estar.
Agora que já demos uma pincelada de Economia, vamos falar da nova Economia da Colaboração.
Na Economia da Colaboração vivemos a mesma situação de escassez da economia, a diferença é que a sua solução não é com a produção de mais bens e ativos. Ela resolve essa equação com a Colaboração e Compartilhamento que gera uma abundância de recursos que antes eram subutilizados.
Afinal, quando você sai com seu carro existem 3 outros lugares no mínimo vagos, e mesmo assim você o utiliza em menos de 10% do seu tempo diário. Ou ainda em sua casa, pode ter um quarto vago que poderia gerar algum recurso.
É a partir desde conceito de colaboração que temos Startups como Airbnb, Uber e Waze, organizando recursos e facilitando a colaboração.
Isso aconteceu a partir de uma visão diferente de utilização de ativos, entre:
Assim, partindo disso, o importante não é mais possuir um ativo, e sim utilizar de forma completa os existentes. E o que possibilitou toda essa mudança foi a eliminação de uma das grandes vantagens competitiva das grandes empresas, o custo de transação.
A internet então passou a facilitar a organização para a melhor utilização dos recursos existentes, sem necessitar de uma grande estrutura física para isso.
Se você pensar, no mundo já possuímos tudo o que precisamos. A única questão é a utilização da capacidade excedente ao nosso consumo, afinal:
Isso tudo é capacidade excedente criada a partir do consumo.
Veja, hoje temos no smartphone um aparelho que funciona como telefone, computador, fax, vídeo game, câmera, gps, entre outras utilizações.
Isso somente é possível porque APPs (Plataformas) utilizam a capacidade excedente não utilizada de um smartphone. E pensar que isso começou sem querer com o Steve Jobs liberando o código para a construção de aplicativos, após o mundo tentar invadir o código fonte do iphone em 2007.
Então, hoje as Lojas do Iphone e do Android são duas formas de utilizar a capacidade existente e gerar mais valor. Isso acaba com a economia do preço cheio, onde era necessário entregar a solução com um aparelho, como um GPS, que não tinha que vir com um hardware.
O Waze acabou com a necessidade do hardware. Para você ter um GPS com qualidade foi necessário somente aproveitar os recursos existentes no Smartphone. E ele fez isso tão bem, que não só utilizou o sensor, mas também passou a utilizar informações da colaboração das pessoas.
Outro exemplo é o Recaptcha, muita gente não sabe, mas aquelas palavrinhas que todos os dias digitamos para preencher um formulário é utilizada para digitalizar antigas obras que somente com a leitura dos softwares de reconhecimento não eram possíveis. A capacidade excedente estava naquilo que diariamente temos que fazer.
Para tudo isso ser possível é necessário de Plataforma. É aqui que entra você empreendedor. Falaremos mais ainda disto.
Ronald Coase em 1937 publicou o Livro “A Teoria da Firma”. Nele, ele escreve que uma S.A. era necessária para fazer coisas que pessoas sozinhas não poderiam realizar. Esse paradigma se foi, pois, com a internet muita coisa ficou mais fácil e eficiente de se fazer.
As empresas hoje podem nascer sem uma estrutura grande de recursos e ir mobilizando conforme elas se tornem mais utilizadas com seus produtos e serviços relevantes. Isso é a essência do Startup Enxuta com a evolução do MVP.
Mas ainda sim são necessários empreendedores na Economia da Colaboração. O papel é a criação de Plataformas.
Plataformas são necessárias na Economia da Colaboração para organizar, padronizar e simplificar o acesso dos recursos escassos.
Não é possível imaginar pessoas criando seu próprio aplicativo e utilizando para a sua demanda. Imagine alguém criando um Uber pessoal, seria ineficiente para organizar o seu trabalho. Isso não acontece quando um empreendedor realiza e disponibiliza para o público.
As plataformas podem agir de três formas para cumprir o seu papel:
Isso ocorre quando um recurso completo é muito mais do que suficiente para a necessidade. Um exemplo disso é o aluguel de carros. Muitas vezes precisamos de um carro somente para uma tarefa, como levar um parente ao aeroporto. Imagine que isso leve somente 3 horas… você precisará alugar por um dia inteiro o carro para isso.
A empresa paulista ZazCar faz isso, decompõem a utilização de um dia inteiro para as horas necessárias.
Aqui o melhor exemplo é o AirBnb. Antes a locação de um quarto era impensável. Poderia existir, mas você precisaria conhecer o local ou ainda ter um amigo que disponibilizasse essa locação para você.
O que o AirBnb fez foi padronizar a oferta deste bem excedente, agregando qualidade as ofertas e intermediando toda a operação. Isso dá a confiança necessária para você realizar a transação.
Outro exemplo que gosto é do Meu Bistrô onde você pode reservar um personal chef para fazer eventos em casa. A empresa organizou a oferta de buffet em casa para facilitar o acesso a um serviço antes pouco utilizado.
Isso ocorre quando informações antes não conhecidas viram informações úteis para as pessoas. Se pensarmos hoje no Google Maps, temos informações que não tínhamos antes.
Muitas plataformas se utilizam da Geolocalização para criar informações úteis antes não utilizadas.
Assim, temos uma tríade necessária para o funcionamento da Economia da Colaboração.
Se você chegou aqui, com certeza tem o espírito empreendedor. Chega uma hora na construção do modelo de negócio que algumas informações são necessárias.
Vamos tentar esclarecer algumas delas, para outras é superimportante que você conte com um contador que entenda deste tipo de negócio para que possa avançar de forma mais rápido e fácil, e com o menor custo.
Vamos lá a alguns pontos!
Muitos empreendedores travam nesta hora.
Eles estão com modelos de negócios que organizam recursos excedentes, mas não sabem se as tributações recaem sobre os produtos e serviços disponibilizados. Além disso procuram o CNAE (Código de Atividade Econômica) e não encontram nada, não é mesmo?
Bem, na maior parte dos negócios da Economia de Colaboração, os empreendedores que constroem e disponibilizam os aplicativos, são intermediários de negócios que são realizados.
Isso ocorre no Uber, por exemplo. Você tem o motorista que oferta o trabalho, você tem o consumidor que demanda uma corrida, e o Uber que intermedia a oferta e a demanda.
Essa atividade normalmente é de intermediação de negócios, e a tributação ocorre somente sobre o valor que fica para a empresa, a comissão.
CNAE: 7490-1/04 Atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral, exceto imobiliários.
Apesar disto, a Plataforma deve pensar nos detalhes dos outros participantes para evitar riscos fiscais que podem recair sobre a empresa. Um bom exemplo dessa estrutura é o Hotmart, que organiza e somente faz repasses somente com todas as notas fiscais emitidas.
Outra preocupação da plataforma é a manipulação de recursos de terceiros pela plataforma. Acredite, essa preocupação também é do Banco Central que tem regulamentado a questão como facilitadores de pagamento, principalmente nos modelos e assemelhados a marketplaces.
Na nova regulamentação do Banco Central, em breve, os pagamentos realizados entre operações com 3 partes deverão ser integrados a CIP, que é uma câmara de compensação. Isso vai encarecer as pequenas operações com pagamentos.
A boa notícia é que os principais integradores de pagamentos já se movimentaram para construir boas plataformas de Split Payments, quando o pagamento vai diretamente para a plataforma e para o vendedor, e integrar a CIP.
Então, se você não é uma Fintech e o seu negócio não é integração de pagamentos considere utilizar serviços como MOIP, Pagseguro e PayPal.
Eu digo a todos os empreendedores que é muito importante contar com um contador parceiro e no caso de empresas da Economia de Colaboração, mais ainda.
São muitos os desafios que estas empresas enfrentam para se tornarem operacionais, e por ser um assunto novo, pode ser que tomem más decisões que não sejam eficientes do ponto de vista financeiro e tributário.
Um escritório de contabilidade com o conhecimento adequado poderá ajudar em muito na construção do Canvas, na abertura da empresa, e nas regras de operacionalização das plataformas.
Após o surgimento da internet, tem surgido novas formas de organização de negócios na sociedade e provocando mudanças na nossa forma de consumo. Uma dessas mudanças é o surgimento de uma Economia de Colaboração, onde a premissa básica não é acumular e sim utilizar a capacidade excedente de bens e serviços.
O fato é que para isso acontecer são necessárias plataformas construídas por empreendedores. Essas plataformas podem decompor os recursos, agregar qualidades e ainda construir um novo valor a partir de informações.
Por ser um assunto novo é necessário que o empreendedor tenha a sua disposição recursos qualificados para construir um modelo de negócio rentável e aderente a nossa legislação. Um destes recursos é o contador que poderá facilitar a construção do modelo, a abertura da empresa e as regras de negócio na parte fiscal da plataforma.
E você já pensou em empreender na Economia de Colaboração? Tem mais dúvidas sobre o tema? Entre em contato com a nossa equipe.
2 Comments
COmo posso participar?
Olá Cezar, bom dia
Pode participar sendo um empreendedor e construindo um aplicativo para resolver alguma questão de escassez….
Bom dia….