Se você tem alguma dívida em atraso na empresa, saiba que não está sozinho. Segundo os dados da Serasa mais da metade dos 8 milhões de empresas no Brasil possuem algum tipo de pendência e necessitam recuperar a saúde financeira.
Ter pendências de pagamento e inadimplência prejudica as finanças empresariais e pode comprometer seriamente os negócios.
O ideal é que uma vez identificado um comprometimento do caixa, você já tome ações para corrigir o problema. Se agir no começo terá mais condições de renegociar com credores.
Ao contrário de não resolver rápido, se deixar, com certeza isso vai virar uma grande bola de neve. Agora, se você já considera a situação grave, a hora de agir é imediatamente.
Vamos lá! Se você quer recuperar a saúde financeira do seu negócio, leia e coloque em prática o quanto antes as sugestões de ações deste artigo!
Um dos principais problemas financeiros que uma empresa pode ter é, realizar compromissos sem capacidade de honrá-los. Uma das causas que leva a esse problema é a falta de um planejamento de fluxo de caixa.
Aqui na Capital Social falamos que existem três estágios de consciência financeira nas empresas:
O primeiro é quando há pelo menos o controle do que já aconteceu, ou seja, uma conciliação bancária com o fluxo de caixa realizado. Isso permite você tomar ações, como identificar os principais gastos e reduzir custos.
Sugerimos como leitura: A importância da conciliação bancária para a sua empresa
O segundo é quando há a previsão de gastos para um horizonte com mais de dois meses. Com essa informação é possível analisar a necessidade de caixa e realizar ações para evitar problemas.
O último grau é quando há uma Planejamento Orçamentário. Já neste caso, há um direcionamento e acompanhamento da execução com base nos fatores que influenciam as finanças da empresa.
Bem, para que você tire a sua empresa de uma crise e recuperar a saúde financeira dela, é preciso pelo menos atingir o segundo estágio.
Você precisará conhecer muito bem seus compromissos e organizar a necessidade futura de caixa. Para ter êxito será necessário considerar as receitas e despesas acrescidas do pagamento/quitação de dívidas no seu fluxo financeiro.
1º mapeie todos os seus compromissos financeiros. Podem ser aqueles em atraso, como também os futuros desembolsos de caixa.
2º elabore uma lista com todos os seus credores, o vencimento, valor de dívida e principalmente o ônus ou juros/multas por atraso.
3º verifique se sua empresa está com o nome negativado ou protestado em cartórios.
Acrescente na sua lista os gastos de tirar o protesto no cartório. Isso servirá para você ter a visão real do custo financeiro do pagamento desta dívida.
Você já fez o levantamento dos compromissos no passo anterior, agora é preciso de um Plano.
Só que para o plano é necessário reestruturar o perfil financeiro da empresa. O empresário precisa equilibrar os seus gastos operacionais e considerar o pagamento das dívidas na composição de despesas, e tudo isso mantendo ou aumentando as receitas da empresa.
Vamos nos lembrar que os problemas financeiros foram gerados por se gastar mais do que a receita permitia. Portanto, a restruturação passa por reduzir todos os gastos da empresa que não geram receitas.
Sugerimos como leitura: A verdade que ninguém nunca contou sobre despesas elevadas.
Abaixo seguem as dicas de como reestruturar o perfil financeiro da sua empresa e recuperar a saúde financeira dela.
1º continue gerando receita. Dê preferência para formas de elevar a receita sem precisar de novos investimentos. Sem gerar receita não é possível sobreviver.
2º identifique gastos que estão associados as receitas, como insumos e mercadorias para revenda. Sem estes não é possível continuar a vender. Priorize os pagamentos dos fornecedores para não ficar sem crédito.
3º reduza todos os outros gastos na empresa. Avalie despesa por despesa e identifique formas de fazer mais por menos.
Sugerimos como leitura: E-book com 69 dicas para economizar na empresa.
4º elimine gastos não essenciais. Nesta hora é importante abrir mão de coisas que não sejam importantes.
5º comunique funcionários sobre a situação e peça ajuda a eles na redução de gastos. Manter uma rotina de economia será essencial.
Você já identificou os gastos e já tem um plano de restruturação do perfil da empresa. Neste momento você já deve saber com quanto pode contar por mês para pagar credores. Chega a hora, portanto, de renegociar.
O melhor momento para renegociar é antes do vencimento das dívidas. Nesta etapa os credores serão mais sensíveis ao seu problema.
Se isso não for possível, existem três estratégias mais comuns para fazê-lo:
1 – Parcelar com cada fornecedor e assim diluir o pagamento ao longo do tempo. Isso envolve um grande esforço de negociação.
2 – Postergar o vencimento. Isso pode ser uma ótima alternativa, pois protege o Capital de Giro da empresa, e pode fazer sentido se houver algum fornecedor que tenha alta concentração. Neste exemplo, postergando somente um fornecedor é possível revolver o problema.
Nesta estratégia é importante somente se preocupar com uma possível perda de crédito neste fornecedor. Portanto negocie bem todos os pontos.
Sugerimos como leitura: Capital de Giro: O que é e como calcular?
3 – Agrupar dívidas. Isso normalmente é feito obtendo recursos através de empréstimos. Isso é bom para o planejamento, porém você deve ficar atento as taxas, prazos e garantias, pois pode ser mais caro.
Se não for possível resolver a situação com algumas destas três estratégias, você terá que priorizar os pagamentos. Para isso você deve observar as características do seu negócio para não matar a empresa.
Não conseguir acertar os problemas financeiros com a estratégia de parcelar, postergar ou agrupar, fará com que você tenha que priorizar o que pagar.
Bem, leve em consideração alguns aspectos.
Se você acha que:
Pode ser o momento para solicitar uma recuperação judicial.
A recuperação judicial é uma proteção legal do empreendedor para evitar um pedido de falência por parte dos credores.
Ele deve ser um instrumento utilizado principalmente se ainda há possibilidade de salvar o negócio e se você somente precisa de um fôlego maior.
Com um plano de recuperação for aprovado, você ganhará pelo menos 6 meses sem ações de cobrança para continuar atuando. Neste período todas as ações são paralisadas para que a empresa de recupere.
As condições para solicitar é ter pelo menos 2 anos de atuação e não ter tido nos últimos 5 anos nenhuma recuperação judicial aprovada. O empreendedor deverá cumprir um plano de recuperação e ficará impedido de contrair novas dívidas.
Para solicitar a recuperação judicial você precisará:
Se aprovado, você terá 24 meses para liquidar as dívidas. Neste período terá um administrador judicial designado para fiscalizar as ações da empresa.
E se não for aprovado? Daí será decretada a falência da empresa.
Bem, é importante mencionar que a lei 11.101/2005 também traz alguns benefícios pensando nas PMEs. São eles, a ampliação de 24 para 36 meses o prazo de pagamento da dívida. A dispensa de apresentar o plano a todos os credores e contar com deferimento pela análise do juiz.
Portanto, seja você representante de uma grande ou pequena empresa, a recuperação judicial pode te ajudar a reerguer a empresa.
Neste texto, temos ações por gravidade da situação, ou seja, uma restruturação interna, uma restruturação judicial e agora o pior. O que fazer se nada disso for suficiente.
Daí a resposta é fechar a empresa. Isso pode ser feito de duas formas.
O empreendedor pagando ou não as dívidas e solicitando o encerramento da empresa. Neste caso se houver dívidas elas serão imputadas integralmente ao empresário.
Ou solicitando uma autofalência. Neste caso você deverá expor ao juiz a situação, apresentar as demonstrações contábeis e entregar uma lista de bens da empresa para a liquidação judicial. Neste caso o empreendedor será impedido de abrir uma outra empresa ou negócio por 5 anos.
E agora, conseguiu enxergar uma luz no fim do túnel para recuperar a empresa? Achou que as ações podem te ajudar e salvar o negócio? Mãos a massa, vambora e não deixe de contar com o seu contador.
Há e já ia me esquecendo, compartilhe esse texto nas suas redes e ajude mais empreendedores a resolverem os problemas financeiros.